segunda-feira, dezembro 15, 2008

Mais um Natal, mais um amigo secreto…








Alma de artista
Criativa de profissão
Profissional a 100%
Não deixa ninguém na mão

Cozinheira de mão cheia
Uma receita, um tesouro
Com ela a ajudar
Cada prato vale ouro

No bar partilha dicas
De comida e de viver
Agora já tem um livro
Para nenhuma esquecer

Quem não sabe o seu nome
Não conhece Caetsu nem Serralves
Para os mais distraídos:
Alves, Fernanda Alves.

(De poeta tenho pouco… mas pelo menos rimam :))

Imagem: retirada do blog danigift10.blogspot.com

Etiquetas:

terça-feira, dezembro 02, 2008

Os monólogos da Vagina, Eve Ensler

Este post inaugura mais um tema do meu blog (“Letra a letra”), no qual explorarei alguns dos livros que vou lendo, bem como os efeitos, ideias e emoções que os mesmos me despertam.

E nada melhor para abrir do que “Os monólogos da Vagina”, de Eve Ensler. Já tinha ouvido falar imenso desta peça, que espicaçou preconceitos, revolucionou mentalidades e abanou a sociedade assim que estreou há cerca de 15 anos (e que continua a fazê-lo ainda hoje). O que eu não sabia era que estava editada em livro, com uma série de extras ao longo dos quais se exploram os efeitos avassaladores que a sua representação despoletou.
Levei cerca de 3 dias a lê-lo de fio a pavio. E fiquei a perceber o que arrastou milhares de pessoas a inúmeros auditórios, das mais conceituadas salas a nível mundial até pequenos espaços improvisados em países tão remotos como o Paquistão. Percebi o que juntou actrizes mundialmente famosas com outras tantas desconhecidas, o que uniu políticas e universitárias, transexuais e reformadas sob um só lema. Percebi porquê que esta peça tocou homens e mulheres de todo o mundo, porquê que tentaram censurá-la em alguns locais e porquê que a palavra do título ficou reduzida a um “V.” em tantos outros.

A razão de todo o alarido começa na utilização de uma palavra subversiva: Vagina. Assim mesmo, sem dourar a pílula, esta palavra foi atirada para a cara das pessoas, nomeando o inominável e dando voz ao que deveria ficar calado. Pela primeira vez, mulheres de diferentes estratos sociais, das mais variadas idades e com as mais distintas experiências de vida falavam do seu órgão sexual, falavam das suas vaginas e do que elas diriam se tivessem a palavra. E este facto revelou-se uma fonte de poder feminino, uma forma das mulheres assumirem a sua importância, um modo de exigirem a eliminação de todas as formas de violência contra elas e o fim da impunidade para os que cometem tais atrocidades. Dando voz às vaginas, falando delas, esta peça lançou uma luz forte e de impacto inquestionável sobre o assunto. Ao longo dos monólogos, podemos ouvir “vaginas” falarem sobre a forma como foram tratadas em tempos de guerra, como tiveram de se calar numa sociedade que as oprimia (e ainda oprime), como lidaram com a violência doméstica, como encararam a menarca, como descobriram o poder da sexualidade, como reagiram a primeira vez que se viram ao espelho (pois é, os homens lidam desde pequenos com o seu órgão sexual, mas ainda há milhares de mulheres que nunca “se viram” ao espelho), etc. É um texto que emociona, enraivece, faz rir e chorar, um texto que liberta os temores e as fantasias de mulheres como nós, mas sobretudo é um texto possante que não deixa ninguém indiferente.
Depois de ler o livro, percebe-se porquê que uma simples peça de teatro levou à fundação de um movimento de direitos humanos (o “Dia V”) responsável pela angariação de milhões de dólares, pela criação de inúmeras casas de acolhimento, e pela mobilização de milhares de pessoas por todo o mundo. Impressionante, não?

Para terminar, deixo-vos algumas das perguntas que guiaram as inúmeras entrevistas das quais resultaram os famosos monólogos:
.“Que roupas vestiria a tua vagina?”
.”Se a tua vagina falasse, o que diria em poucas palavras?”
.“A que cheira a vagina?”
.“O quê que a tua vagina te faz lembrar?”
.“O que há de especial na tua vagina?”
E para vos inspirar nas respostas, fica um dos muitos factos relativos à vagina apresentados no livro:
.“A função do clítoris é bastante simples. É o único órgão do corpo concebido puramente para o prazer. O clítoris é simplesmente um conjunto de nervos. É formado exactamente por 8.000 fibras nervosas. Tem uma concentração de fibras nervosas superior à de qualquer outra parte do corpo (…) o dobro da do pénis. Quem precisa de uma pistola quando se tem uma semi-automática?”
(Woman: An intimate geography, Natalie Angier).

Imagem: retirada do bolg http://nascidosdomar.blogspot.com

Etiquetas: