terça-feira, outubro 06, 2009

Don’t you feel like crying?

Em 1987, um pequenino filme destinado ao fracasso (do argumento - colocado em hold por vários estúdios - à reacção de produtores e patrocinadores perante o produto final - “Queimem as bobines e recolham o dinheiro do seguro.”) abanou o ano cinematográfico e tornou-se um dos mais vistos e rentáveis de sempre. Quanto a mim, se houve filme que marcou a minha adolescência foi “Dirty Dancing”.

Fui vê-lo com uma das minhas melhores amigas e, a partir do momento em que saímos do cinema, ficámos mais ou menos 6 meses numa alternância entre suspiros e passos de dança. Foi muito fácil identificarmo-nos com aquela menina ingénua e virginal, com fortes ligações afectivas ao pai, que descobre numas férias o poder da atracção, a força do amor, a magia da dança. O que nós queríamos ser a Baby, o que nós queríamos um Patrick Swayze só para nós, o que nós queríamos uma cave escura e fumarenta onde pudéssemos ensaiar uns passos de dança super sensuais. A cena em que o casal passa a primeira noite juntos entrou directamente para o meu coração e estabeleceu um standard difícil de equiparar: haverá algo mais erótico do que aquela dança de corpos colados, que se desnudam e descobrem ao som de um tema de intensidade perturbadora? Inesquecível.


Há duas semanas atrás, revi o filme e voltei a apaixonar-me. Mas agora com uma paixão mais pungente, mais dolorida, menos inocente: o bad boy sensível, o bailarino incontornável, uma das referências da minha juventude desapareceu para sempre. Patrick Swayze partiu, vítima da mais cruel das doenças, uma sombra da personagem que encarnou. Ainda que não sirva de consolo, fica a certeza de ter tocado inúmeras vidas, de ter lugar permanente no imaginário de milhões de pessoas.


PS - Um ou dois anos mais tarde fui ver o “Pretty Woman”, com a mesma amiga. Apesar de ter sido outra experiência cinematográfica bastante marcante, não obteve o mesmo efeito: era mais difícil identificarmo-nos com uma prostituta de esquina de L.A. …


Imagem: retirada do site www.vol1brooklyn.com

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