sexta-feira, dezembro 07, 2007

Coisas que odeio - I

Sei que tenho a aparência de alguém calmo e ponderado, mas a verdade é que me esforço nesse sentido, tendo visto de perto o que acontece quando se dá largas a um mau feitio crónico. Quando me apetece arrancar todos os cabelos com uma pinça e partir para a ignorância esgrimindo garras afiadas, partindo peças mais ou menos valiosas e fazendo tiro ao alvo com telemóveis, agrafadores e quaisquer outros objectos que se encontrem à mão, respiro fundo e conto até dez (ou espero até que o véu vermelho que me tolda a visão caia por terra). Às vezes consigo, outras nem tanto…
Hoje apetece-me desabafar, falar de uma das inúmeras coisas que odeio (e são muitas...).

ODEIO passar a ferro! Eu até me considero minimamente destra nas tarefas domésticas. Pareço é ter uma incapacidade crónica para esta tarefa doméstica específica, que, para me irritar ainda mais, até parece relativamente simples quando observo alguém a fazê-la.
Recapitulando: montar a tábua, ligar o ferro, colocar a peça de roupa na primeira e passar o segundo para trás e para a frente até as rugas desaparecerem Fácil, certo? Errado! No meu caso, acontece mais ou menos assim:
- Preparo-me psicologicamente, convencendo-me que se as outras pessoas conseguem fazê-lo, eu também vou conseguir (isto apesar da História indicar o contrário).
- Executo as 3 primeiras fases (isso faço muito bemJ).
- Começo a passar a peça de roupa (qualquer peça de roupa) numa área estrategicamente seleccionada - até aqui perfeito: fica lisinha, tal como pretendido.
- Passo para o outro lado e, subitamente, qual revolução silenciosa, todos as rugas e vincos migram para a área já passada.
- Volto à zona inicial, procurando matar novamente os insurgentes, caçando-os impiedosamente com o vapor ligado no máximo para que não voltem a erguer-se. Mas voltam.
- E assim sucessivamente, de um lado para o outro, de um lado para o outro, durante mais ou menos 3 minutos.
- É então que o meu cabelo começa a eriçar-se em bloco, os meus dentes a rilhar e que me começo a sentir uma verdadeira incompetente, incapaz de fazer a mais simples das tarefas.
- Num segundo, a raiva assume o controlo e fico bem perto de arrancar o fio da tomada à dentada, atirar o ferro pela janela mais próxima e esticar a peça de roupa à força de pontapés.
- Mais ou menos 10 segundos depois começam a escorrer lágrimas de frustração.
- Acabo invariavelmente no chão, desgrenhada e inconsolável, a assumir a derrota no centro de uma série de peças de roupa ainda mais engelhadas que no início do processo.
Felizmente que existem pessoas com bem mais jeito que eu, que acedem em resolver o problema. Assim, com 2 linhas num post it, asseguro que a dita roupa se encontra passada e dobrada, como nova, quando volto a caso no final de um dia de trabalho. Mas isto não evita que eu fuja como louca de calças de linho, camisas de seda e quaisquer outras peças que me lembrem sequer de tábuas e ferros de passar.

E é basicamente por isso que nunca vou ser chique. Porque odeio passar a ferro.

Etiquetas:

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial