segunda-feira, junho 02, 2008

As amantes, as putas e as outras


Mais uma animada conversa de gajas, mais uma polémica que se acende. Desta feita, o tema da discussão era prometedor e com potenciais efeitos bombásticos: “Serias capaz de andar (e não falo de caminhar lado a lado) com um homem casado?”

É sempre bom ver a forma como as mulheres a discutem este tipo de assuntos. Para os homens é simples: “Mulher de amigo é homem. Todas as outras são como as botas da tropa: marcham.” (estou a exagerar, claro. Dependendo da namorada, às vezes compensa perder o tal amigo…). Mas a psique das mulheres não é assim tão “simples” (algumas diriam “simplista”), pelo que as nossas vidas são sempre bastante mais animadas, e as nossas conversas bem mais estimulantes. Nós aproveitamos qualquer ocasião para descobrir exactamente o que pensam as nossas camaradas e para expor as nossas próprias ideias sobre seja o que for (no fundo, no fundo, o propósito é saber quem são as “fixes” – as que concordam connosco – e quem são as “más da fita” – as que não vêem como estão obviamente erradas na sua forma de pensar). Assim, quando se atira um tema destes para a mesa, já se sabe que cada mulher vai ter a sua opinião, cada qual mais exaltada que as restantes, cada uma dona da sua própria verdade. E foi o que aconteceu neste caso específico

Rapidamente consegui identificar 2 correntes de opinião distintas:
- As intransigentes: “Eu seria incapaz de andar com um homem casado.”
- As liberais: “Quem é comprometido é que tem de ter problemas.”
O engraçado nesta discussão é que, contrariamente a outras dentro da temática “Mulheres, homens e sexo”, não se verificou um extremar de opiniões, nenhuma das correntes acima se revelou no seu estado puro (foi como se houvesse um “pseudo” atrás de cada uma). O que me parece é que as mulheres à mesa já eram demasiado experientes para cair na armadilha do “nunca”, que cada uma delas já tinha estado, pensado em estar ou conhecido alguém numa situação semelhante. Tenho a certeza que, entre argumentos, nos veio a todas à cabeça aquela altura em que consolamos uma amiga quando o namorado a deixou por uma “puta de esquina”, ao mesmo tempo que nos lembrávamos de animar outra amiga cujo amante, casado, se recusava a deixar a pindérica da mulher. Sim, sim. Praticamente todas já sabiam que, infelizmente, a nossa moral pode ser elástica, ajustando-se com total facilidade às mais variadas situações.

E foi assim que me vi a braços com uma terceira corrente de opinião, aquela na qual me incluo, e à qual resolvi chamar “as espertas”:
- “Por princípio, eu sou contra andar com homens casados (defendo que não se deve fazer aos outros o que não gostamos que nos façam a nós e repudio a actual desculpabilização moral das pessoas). Mas – e este é um grande mas - nunca se deve dizer nunca (porque não se sabe o que pode acontecer, nem quais as circunstâncias – entidade que dá sempre muito jeito - em que acontece)…”

Ai, a teoria. Sempre tão diferente da prática.

Imagem: "Les Demoiselles d'Avignon" (Picasso)


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