segunda-feira, março 17, 2008

Coisas que odeio - IV

ODEIO celulite. Muito. É bem capaz de ser a coisa que mais odeio. Não é que me perturbe mais que as restantes ou que influencie o meu bem-estar de forma mais determinante, é só porque as outras eu posso evitar, contornar ou rebater, mas esta… esta está colada a mim e, por mais rituais que leve a cabo, não há forma de a exorcizar.

Porquê, oh porquê que esta história havia de existir? E, a existir, porquê que não são os homens que a têm? Eu sei que não é muito correcto pensar assim, mas nós já temos com que nos entreter. Ter de passar a vida toda com oscilações hormonais e alterações de humor de fazer corar de inveja o Dr Jekill; ter de fazer depilação por todo o lado (incluindo os sítios mais inomináveis); ter de calcorrear calçadas e passeios em equilíbrio, em cima de saltos dignos de um acrobata; ter de manusear o batom e o lápis de olhos como se tivéssemos por mestre Rembrant; ter de dominar o básico da lide doméstica ainda antes de sabermos gatinhar (sob o risco de sermos enxovalhadas em praça pública); ter de considerar ter filhos obrigatoriamente e, de preferência, antes dos 25 anos; ter de escolher como companheiro alguém que seja médico cirurgião e que ganhe, no mínimo, 7 vezes mais que nós (para não ter de lidar egos feridos e parentes desiludidos); etc., etc., etc. Convenhamos que ter de fazer a barba diariamente e tremer perante uns cabelos a mais na almofada nem se comparam a esta vida inteira de provações, privações e oscilações.

E, para cúmulo, ainda temos de levar com a amiga celulite a estragar tudo o que toca, e ouvir que isso acontece porque o nosso corpo é tão perfeito que, prevendo a necessidade de gordura em tempo de gravidez, se distrai a acumulá-la por zonas que nada têm a ver… isto ainda que estejamos a pensar em tudo menos em berços, fraldas e babetes. Ora, por favor!

Se é esse o caso, meu Deus, eu não preciso de ser tão perfeita. Deixe estar, não quero, não vale a pena. Nesse ponto, basta ser como um homem, ok?

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