segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Quando os sonhos faziam sentido.

Quando é que paramos de sonhar? Quando é que os sonhos deixam de fazer sentido e passamos a aceitar a realidade pelo que ela é? Para mim, foi por volta dos 25 anos. Foi por essa altura que descobri que mesmo que os sonhos se concretizem, isso não significa que correspondam às nossas expectativas. Foi por essa altura que dei por mim a pensar “Cuidado com o que desejas…”. E, quando esta sensação se tornou omnipresente, sonhar deixou de fazer sentido.

Eu lembro-me de saber exactamente o que queria, quando o queria e como proceder para o obter. Lembro-me de lutar para tornar os meus sonhos realidade, e lembro-me de o conseguir. Neste momento, continuo a ter algumas expectativas, a fazer alguns planos, só que ficam no mundo teórico, simplesmente não acredito que se venham a concretizar. Assim, vou aceitando aquilo que a vida me atira, às vezes mais revoltada, outras vezes mais conformada, mas sempre com um gosto amargo na boca. É que eu nunca me preocupei especialmente com a passagem dos anos, nem com o acumular da idade, mas confesso que esta perda da capacidade de sonhar me preocupa. Entristece-me que cada vez se torne mais difícil projectar o futuro, que cada vez acredite menos nas minhas próprias ideias, na minha vida tal como a imaginei.

Hoje percebo as pessoas que me diziam “Quem me dera ter a tua idade e saber o que sei hoje”. De facto, talvez mudasse muitos dos meus planos, talvez as minhas decisões não fossem as mesmas, talvez o meu rumo fosse totalmente diferente. Evitaria, de certeza, muitas desilusões. Mas, ainda assim, o que eu queria mesmo era voltar a acreditar que o mundo pode ser meu, que a profissão ansiada depende apenas da força de vontade, que o amor perfeito está ao virar da esquina, prontinho para se deixar encontrar. É, eu queria saber tudo o que sei hoje, mas também queria manter a ingenuidade essencial para se ser um pouquinho feliz. Não percebo porquê que uma coisa tem de invalidar a outra.

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