segunda-feira, janeiro 07, 2008

Eu, ciumenta.

Actualmente parece ser politicamente correcto dizer que quando se ama verdadeiramente se confia, e que uma relação para funcionar tem de ser isenta de ciúmes. Numa só palavra: “Bullshit.” (pela carga que transmite, prefiro a palavra inglesa, mas pode sempre traduzir-se para bom português: “Tretas”).
Todas as evidências me dizem que essa teoria funciona muita bem na… teoria. Porque, na prática, não há quem não sinta ciúmes daquilo que verdadeiramente ama; e se realmente não sente, não ama tanto assim. Está na natureza do ser humano. É simples e é um facto.

O que acontece agora é que as pessoas, para se protegerem, aprenderam a fingir muito bem, a dizer “A sério, ontem encontraste a Cristina Coelho e foram tomar um café à Baixa?” com um sorriso estampado na boca, quando o que apetece fazer é pegar numa tesoura e num ferro em brasa aquecido para transformar a dito Coelho numa bela estola. Mais, conseguem acrescentar com um ar de superioridade: “Não, claro não me importo. Julgas que sou a (acrescentar nome de uma ex-namorada)?”. Isto enquanto uma porção de bílis esverdeada sobe do estômago às papilas gustativas, e o coração se encolhe até ao tamanho de uma ervilha, dando lugar a uma fogueira que ameaça pegar fogo a toda a cidade mas se limita a embaciar os olhos, que passam a ver tudo em tons avermelhados. É arrepiante observar estes novos actores da era moderna a interpretar tal papel. E o pior é que, apesar de praticamente todos os espectadores dizerem que sim, que concordam, ninguém acredita numa só palavra.

Eu confesso que também já defendi esta ideia iluminada. Da minha boca já saíram as palavras “Não é que eu sinta ciúmes, não gosto é que me façam de parva. Não sou ciumenta, sou é orgulhosa.”. Está bem, está. Claro que o orgulho é muito importante (pelo menos para mim, que o reconheço como um dos meus piores defeitos). Socialmente, não há nada pior que ser enganado e ter consciência que vamos ter de enfrentar todas as pessoas a quem dizíamos, com cara de parvos, “Nunca estive tão feliz.”. Mas, muito mais dolorosa é a luta que travamos interiormente quando suspeitamos que a pessoa amada pode estar com outro alguém. A ouvir música, a ver filmes, a divertir-se, a conversar, a partilhar confidências, a tocar, a beijar… sons que só deviam ser ouvidos connosco, imagens que devíamos ter visto juntos, palavras que nos pertenciam, lábios que deviam moldar-se apenas aos nossos… Aqui é que a dor aperta e a raiva acorda. Precisamente quando pensamos que podemos perder – pior, que nos estão a tentar roubar – aquela pessoa. Não me venham dizer que estas ideias nem vos passam pela cabeça quando “the chosen one” vos diz que esteve com uma qualquer sirigaita (da mulher da limpeza à avó do amigo mais chegado – e nem vou falar na ex-namorada, que merece um post só para si!) a comer uma bola de Berlim no Jardim Botânico de rai’s parta que cidade.

Eu já mandei o civismo às urtigas e assumi o leão que há em mim. Sou ciumenta. Odeio que venham cheirar demasiado perto o que é meu (sim, MEU!), e gosto muito pouco de saídas, encontros e qualquer outro tipo de contacto mais próximo com membros do sexo feminino que não seja eu ou um qualquer familiar directo. Não é que faça grandes cenas melodramáticas ou que impeça quem quer que seja de fazer seja o que for. Mas recuso-me a mentir, quer a mim, quer aos outros: não gosto. E qualquer atitude tomada por quem faça parte da minha vida, deve sê-lo tendo presente este facto. Por uma questão de respeito e para depois não haver a famosa conversa “Pensei que não te importavas”, ou pior, “Tu disseste que não te importavas.”.

Para terminar, e para não chocar mentes demasiado modernas, fiquem apenas bem claros 2 factos:
- Eu não exijo dos outros mais do que exijo de mim (não sou do tipo “Eu faço o que bem quero, mas contigo a conversa é outra.”);
- Eu confio nas pessoas com quem estou. Só que o faço de forma saudável, desconfiando.
Somos seres humanos, só isso, e ninguém é perfeito – se nós somos absolutamente capazes de trair, porquê que eles não hão-de ser?

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