segunda-feira, dezembro 10, 2007

2007.12.04 - A minha tattoo

Sim, é verdade: passados cerca de 15 anos da firme decisão que tomei de fazer uma tatuagem, acabei mesmo por avançar. E porquê que demorou tanto tempo? Porque nasci a 15 de Agosto. Só por isso.

Eu explico: desde cedo decidi que a dita tatuagem deveria ser algo intrínseco, que reflectisse a minha personalidade. Algo imutável, independentemente dos anos que passassem e das alegrias e tristezas que me fossem moldando. Sim, porque eu sempre fui bastante perspicaz. No meu íntimo sabia que, se aos 15 ou 16 anos me parecia pertinente tatuar o ícone dos “Guns n’ Roses” nas costas, a probabilidade era que aos 30 “Out ta get me” já não fosse a banda sonora da minha vida.
Depois de algumas hesitações (a cabeleira do Slash não se descarta à primeira!), a solução revelou-se até bastante simples: o meu signo, com cuja essência eu me identifico de alma e coração. Assim mesmo.
Mal eu sabia que ia começar aí o meu martírio. É que, em vez de ser escorpião, caranguejo, peixes ou qualquer outro signo aquático destinado a ser transformado numa linda pintura corporal, eu sou leão. E este poderoso animal é tão elegante, gracioso e imponente quando passeia o seu corpo musculado pela colorida selva africana, como pesado, ostensivo e “viril” (leia-se “muito piroso”) quando aplicado numa qualquer área do corpo humano. Eu bem corri todos os livros e ilustrações de que me lembrava (sim, sim, eu ainda me lembro de quando não tinha acesso à Internet… nem sabia bem o que isso era), mas nada. Foram anos de leões extremamente realistas, com a juba ao vento, garras em riste, rugido na garganta, dentes a pingar saliva e língua brilhante antevendo o sabor da gazela… enfim, nada do simbolismo gráfico e minimalista que eu pretendia (o mais aproximado que descobri foi um espécie de espermatozóide de cabeça gigante e rabo ondeado que, supostamente, simbolizaria o signo de leão numa qualquer linguagem mística – escusado será dizer que não me apeteceu nada aguentar o peso de ter explicar o porquê de um espermatozóide tatuado fosse onde fosse. E ainda alguém me há-de explicar o quê que uma coisa tem a ver com a outra, porque eu, por muito imaginativa que me considere, não consigo chegar lá).

Só aos 32 anos, espicaçada por uma amiga tatuada, é que voltei a pegar neste assunto com garras e presas e descobri (após uma extensa pesquisa na … Internet) aquilo que eu pretendia: uma pequena onda em forma de “U” invertido, estilizada e deliciosamente feminina, que representa…o signo “Leão”. E pronto. Cá estou eu, com a minha tattoo novinha em folha, emergindo junto a dois pequenos sinais (preciosismo do tatuador) e estrategicamente posicionada na base da nuca. Sim, naquela curvinha sexy que separa as costas do pescoço, e na qual dá sempre vontade de deixar depositados uns beijitos. E, sim, a escolha do local foi propositada.

(nota: gostei tanto da experiência – a dor e o prazer, como se sabe, caminham lado a lado – que já estou a pensar na próxima)

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