segunda-feira, maio 05, 2008

O Homem da minha vida

Encontrei o Homem da minha vida. Não foi fácil, mas já está. Assunto arrumado.
Para ser sincera, já o encontrei há bastante tempo. Ou melhor, nem precisei de o procurar: foi-me entregue de bandeja, numa noite de Outubro, numa Pizza Hut da Avenida da Boavista. Na altura pareceu-me uma companhia bem-disposta, alguém simpático, com um humor mordaz e inteligente, alguém com quem se podia ter uma conversa interessante e enriquecedora, alguém com uns lábios de comer e chorar por mais. E foi isso mesmo que fiz: comi, e nem imaginava o que ia chorar por mais.

A nossa relação foi complicada, com altos muito altos e baixos mais baixos ainda. Rimo-nos juntos, até doer a barriga, fazendo piadas corrosivas e criticando de forma cáustica quem nos cruzasse o caminho. Criticamo-nos violentamente, sem entendermos os motivos que nos moviam, demasiado diferentes para nos aceitarmos. Interferimos nas vidas um do outro, arriscando palpites e atirando decisões, deixando rasgões e marcas indeléveis pelo caminho. Beijamo-nos com pureza e ternura, em noites brancas de sono, amamo-nos com fúria e mordidas de sangue, em noites embriagadas de desejo. Apaixonamo-nos sem querer, quando menos esperávamos, em camas revoltas, entre segredos partilhados em surdina. Chorámos sozinhos quando o destino nos afastou, procurámos afecto em braços estranhos. Sofremos demais, discutimos demais, amamos demais. Ainda hoje, apesar de mais calma, a nossa vida continua difícil: somos demasiado diferentes e isso não mudará nunca.

Eu já desconfiava do que este homem era para mim, mas foi complicado reconhecê-lo com a vida a dar voltas e trambolhões em catadupa, sem tempo sequer para respirar. Até aqui sempre o vi mais como “a minha obsessão”, “o meu vício”, “o que me dá a volta”, “o que eu não consigo esquecer”. Ou então como “o meu amor”, “o meu amante”, “o meu melhor amigo”, “o meu confidente”. É, com diligência, pacientemente, aos poucos, sem eu me aperceber, ele foi entrando na minha vida, tornando-me cada vez mais dependente, ocupando cada cantinho do meu ser com a sua presença. E eu, sem o pretender, fiz o mesmo na vida dele.

Só agora o sei, só agora o posso dizer, só agora o reconheci como tal. É ele, com todos os seus defeitos. É ele, com todas as suas virtudes. Enlouquece-me, entristece-me, faz-me rir até às lágrimas, faz-me chorar amargamente, ama-me, completa-me. E, independentemente do final da história, é ele. O Homem da minha vida.

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2 Comentários:

Às 6 de maio de 2008 às 10:59 , Anonymous Anónimo disse...

Lindo!

 
Às 6 de maio de 2008 às 11:01 , Anonymous Anónimo disse...

Lindo!

Bela (faltava assinar)

 

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