segunda-feira, junho 09, 2008

Noites de copos e sexo


Se temos um companheiro mais ou menos fixo, as noites de bebedeira acabam invariavelmente em noites de sexo. Bem, dependendo de como queiramos encarar aquilo que se passa, tanto pode ser sexo, como comédia ou pornografia. A coisa é engraçada de se analisar, especialmente no dia seguinte, quando passa a ressaca e nos dedicamos a relembrar os pontos altos do descalabro.

Uma vez chegados ao local de diversão, e passados os primeiros dois ou três embates com a bebida, começamos a olhar para o nosso mais-que-tudo (pelo menos nesta história é o nosso) através da neblina dos vapores alcoólicos e a achá-lo cada vez mais tentador. Podendo, vamos conseguindo controlar a libido com SMS’s eróticas ou sinais semi-velados que avisam a pessoa do que a espera se a conseguirmos apanhar a jeito. Mas, se o consumo de Martinis for escalando, as coisas começam a aquecer mesmo antes de a noite acabar, com um dos parceiros a tentar atabalhoadamente retirar uma peça de roupa ao outro, ao mesmo tempo que lhe suga o tímpano, utilizando a boca como desentupidor. Tudo no meio de uma pista de dança repleta de amigos igualmente anestesiados ou num canto escuro de uma casa de banho pública.

Ultrapassados todos os obstáculos, e assumindo que se chega a casa em condições de embarcar em aventuras eróticas, a apoteose da noite acontece entre quatro paredes. Começa então uma expedição ao fantástico mundo da sedução embriagada: a roupa que tão esmeradamente escolhemos no início do serão acaba espalhada pelo hall de entrada, em cima de candeeiros e por baixo de móveis, em recantos inatingíveis; os corpos, já sem qualquer coordenação motora, tentam imitar posições irreais descobertas na última versão ilustrada do Kama Sutra; as bocas trôpegas sussurram vocábulos que alternam entre as mais doces palavras de amor e as mais chocantes expressões das porno-chachadas; mãos, pés, braços e pernas confundem-se num nó cego que acaba por derrubar a maior parte das peças que estiverem nos móveis ao alcance do par apaixonado. Com sorte (leia-se, se se tiver a sorte de nenhum dos dois desmaiar ou desistir a meio), tudo acaba numa explosão multicolor com muitos risos e nódoas negras à mistura.

No dia seguinte deparamos-nos com uma realidade paralela: o quarto é uma zona de guerra desmilitarizada, o hálito um cinzeiro de tasca, a pintura “à la Limpicka” um Picasso e o penteado Grace Kelly uma imitação barata do Eduardo Mãos-de-tesoura. E na nossa mente impõe-se um pensamento sinistro, que levanta um dos cantos da boca: “Nunca mais chega o próximo fim-de-semana…”.

Imagem: retirada do Blog fastfabula.blogs.sapo.pt/2007/08/20/

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