segunda-feira, novembro 24, 2008

Elas e as amigas, eles e os amigalhaços

Quanto mais vejo grupos de homens a interagir, mais me convenço que essa é a única área em que realmente os invejo. É impressionante a facilidade com que formam e desenvolvem as suas redes sociais, a desenvoltura com que se associam a outros homens que acabaram de conhecer. É quase tão impressionante como a forma como as mulheres se julgam mutuamente.

A verdade é que as mulheres, quando conhecem outra mulher, tendem a encará-la como concorrência. Se a rapariga calha de ser uma estampa, começam logo a pensar nos estragos que pode fazer uma vez inserida num grupo misto, se é interessante / inteligente temem pela hierarquia definida entre amigas. E mesmo quando ultrapassam estas primeiras impressões, é difícil que a pessoa seja aceite de braços abertos no seu grupo de amizades. Isto é, ou não lhes diz nada e imediatamente se vê excluída de futuros programas (quer isto dizer que até pode ser suportada em certas situações sociais, mas nada mais que isso), ou até simpatizam com ela e aí vão querer saber se é realmente digna de confiança, se pode escutar todas as inconfidências que se fazem em grupo, se tem o que é preciso para ser “uma delas”.
Já os homens tendem a ver qualquer outro exemplar do sexo masculino, não como um potencial amigo do peito, mas como um “amigalhaço” latente. Isto é, eles reconhecem-se como pessoas com quem se podem tomar uns copos, comer umas pizzas e jogar umas horas na Playstation. Não dramatizam, não teorizam, não analisam, limitam-se a aproveitar a oportunidade de conhecerem pessoas novas, de se divertirem, de terem “mais um” para juntar à pandilha. Basta ver como, quando dois ou três homens se encontram, seja num café ou no emprego, rapidamente se organizam jogos de futebol ou de cartas, jantaradas espontâneas, passeios de bicicleta, etc.
As mulheres não fazem isto. Elas ou saem em grupos só de amigas (e aí os laços que as unem têm de ser mais ou menos fortes) ou organizam programas mistos “inócuos” (um grupo de amigos ou conhecidos de ambos os sexos, a conviverem em casa ou num qualquer bar da moda, nada de muito comprometedor). Por um lado, são mais selectivas e procuram não “conviver” com quem lhes diz pouco ou nada; por outro, as que o fazem acabam por se sentir na necessidade de justificar perante as verdadeiras amigas algumas “promiscuidades”. Daí que seja muito raro ver grupos de amigalhaças em programas esporádicos só de gajas. Simplesmente não estou a ver uma mulher a convidar meia dúzia de conhecidas para irem a sua casa, depois do jantar, jogar Scrabble e beber Martinis.
E então quando têm uma cara metade?… Por muita conversa que as mulheres tenham, eles acabam por vir sempre em primeiro lugar. É ver aquelas que, sozinhas, juravam que nunca abandonariam as amigas e criticavam as que o faziam (“Aquela Maria, desde que namora, parece que não tem vida própria, que tem de andar sempre colada a ele…”) a inventarem desculpas, mais para si que para as outras, assim que encontram um novo amor (“Sabes como é, com o trabalho acabámos por ter muito pouco tempo só para os dois… e tem de se investir nas relações, senão nem vale a pena… não achas?”).

Ai amigas, eu sei que é difícil, que cada vez é mais aborrecido ter de conviver com pessoas que nada acrescentam à nossa vida, mas julgando pela forma como eles levam a vida (bem mais descontraída que a nossa), talvez devemos recomeçar a saltitar de jantarada para copofonia, rodeadas de amigalhaças, como se ainda tivéssemos 15 anos.

Imagem: retirada do site pokeronline.zip.net

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segunda-feira, novembro 17, 2008

Os preciosos carros

Homem que é homem tem de obcecar com um de dois temas: futebol ou carros. Claro que há sempre uma forte concorrência do tema “mulheres”, mas a grande diferença está em que nenhum homem parece saber grande coisa sobre o último. No entanto, sobre os dois primeiros, vários deles poderiam escrever uma verdadeira tese.

No que toca ao futebol não posso elaborar muito, já que os homens da minha vida sempre tiveram um interesse moderado pela bola. Isto significa que, apesar de saberem o suficiente para poder falar sobre isso num café, de assistirem aos jogos dos respectivos clubes com os amigos, e de torcerem na altura certa por quem de direito, nunca vi nenhum deles esbanjar a sua vida em função do desporto rei (eu sei que este é provavelmente o tema que ocupa o interesse do maior número de homens e que mais fanatismos desperta, mas se calhar tive sorte…).
Agora, por favor alguém me explique o que se passa entre os homens e os carros. Parece impossível que, uma vez confrontados com um qualquer veículo motorizado de quatro rodas, a maior parte dos homens se transforme num ser que oscila entre o Hugh Hefner o Albert Einstein. É que eles não se limitam a gostar ou não de um carro. Eles estacam em êxtase, atiram olhares sedutores à “máquina”, acariciam a carroçaria e disparam frases como “Eu nem acredito! É um BMW 625 CSi de 2005, com uma cilindrada de 2993 cc e 286 CV”. E depois ficam à espera de uma reacção da nossa parte. Claro que, perante aquele olhar expectante e excitado, temos 2 hipóteses: ou dizemos algo como “Não percebi patavina do que disseste.” e nos preparamos para um rebolar de olhos interpretável como “Isto é atirar pérolas a porcos!”, ou nos vemos na obrigação de reagir com um “Ah…fogo…que máximo…”, rezando para que ele não continue a conversa.
Não me interpretem mal, eu adoro carros. Mas só enquanto meio de transporte: adoro a liberdade e a independência que um carro representa, adoro a comodidade de me poder locomover sem necessitar de recorrer a terceiros, adoro o acesso que possibilita a praticamente todos os sítios onde me apeteça ir. O que não percebo é aquela obsessão que leva a que se decorem nomes, modelos, cilindradas, cavalos, etc., que leva a que se despendam horas a horas a ver programas de TV ou a ler revistas em que só se exploram os novos lançamentos, os novos motores, as novas tecnologias, as novas excentricidades das marcas automóveis.

Eu sei que as mulheres também têm as suas taras (sapatos e carteiras parecem ser duas delas, apesar de eu não partilhar a adoração incondicional por nenhuma), mas pelo menos estas não envolvem enfiar-se em óleo até aos cotovelos, nem esgrimir argumentos relativos a peças com nomes tão estranhos como “árvore de cames” e “pistão”. Além de que, à excepção dos filmes americanos, nunca vi nenhuma mulher exclamar excitada “Olha! Lá estão uns botins em pele de gnu dos Himalaias, da colecção de 1986 da Christian Dior! Aqueles lindos dão um andar…”

Imagem: retirada do blog turbo-lento.blogspot.com

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segunda-feira, novembro 10, 2008

Estou além

A minha mãe acusa-me constantemente de ser uma insatisfeita. Após o meu rol de queixas habituais, ela costuma dizer: “Oh rapariga, tu nunca estás contente com nada.”, para acrescentar logo a seguir: “Sais ao teu pai.”. E é verdade. Por muito bem que a vida corra, eu consigo sempre encontrar forma de achar que podia correr bem melhor. Rege-me a firme convicção de que deveria estar permanentemente a fazer bem mais, a usufruir bem mais, a ter acesso a bem mais. No fundo, a ser bem mais feliz. Por causa desta maneira de ser, já me convenci que nunca vou conseguir ostentar aquele ar de calma satisfação, de realização plena, que caracteriza algumas pessoas. É que esta postura face à vida flúi do interior, não resulta de qualquer factor externo. E eu não sou assim. Eu bem tento ser mais como a minha mãe, aceitar a vida, reagir às adversidades, procurar fazer o melhor possível dentro das circunstâncias, tentar ver o melhor das coisas e das pessoas. Mas qual quê? Saio ao meu pai, que tendo tido os seus momentos de felicidade, nunca foi verdadeiramente feliz. Porquê? Porque nunca se conformou, nunca se deu a hipótese de ver que a vida não é só má, nunca assumiu que tinha inúmeras coisas boas ao seu redor.

Deste meu estado de espírito nasce o nome do meu blog, apoiado numa música dos anos 80. Esta música, que ouvi a primeira vez aos 13 anos, sempre foi uma das minhas favoritas, uma das que melhor reflectiu os meus sentimentos. E ainda hoje, com os devidos ajustes, continuo a achar que foi escrita para mim.

Assim, resolvi fechar o post com as palavras de alguém que conseguiu expressar, melhor do que eu alguma vez conseguiria, um estado de insatisfação permanente.

Estou além (António Variações)
Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P’ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão

Vou continuar a procurar a quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só

Quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P’ra outro lugar

Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só

Estou bem
Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

Imagem: retirada do site miryadd.zip.net

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segunda-feira, novembro 03, 2008

Eles e as mamas

Nada parece fascinar mais os homens do que um belo par de mamas (hesitei em usar esta palavra, que me soa algo brejeira e popularucha, mas como é mesmo este o termo técnico…). É certo que modelos descapotáveis também tendem a captar a sua atenção (sobretudo se o senhor já tiver mais de 40 anitos ou ligeiros problemas de afirmação pessoal), mas nada se compara a um generoso decote albergando duas palpitantes protuberâncias arredondadas.

E quando falo em “belo par de mamas” não significa que tenham de ser obrigatoriamente grandes. Durante os meus anos de convivência com o sexo oposto já ouvi de tudo: uns apreciam a fartura das “melancias”, outros defendem a firmeza e redondez das “maçãs”, os terceiros deliram com a forma original das “peras”, e há ainda aqueles para quem basta que venham aos pares como as “cerejas” (todas estas associações só me levam a questionar como é que a fruticultura não tem maior expressão no nosso país…). A ideia é esta: seja qual for o formato e tamanho das mamas, parece haver sempre um homem disposto a dar-lhes generosa atenção (contrariamente ao que dizia Freud, não me parece que sejamos nós a invejar-lhes os pénis, mas eles a invejarem-nos as mamas).

No entanto, e apesar de todo este interesse no tema, nem todos os homens parecem andar a fazer a pesquisa como deve ser. Baseada em dados cientificamente testados (leia-se: numa conversa de amigas em que foram comparadas e analisadas várias experiências), cheguei à conclusão que, mediante a sua atitude perante as mamas de uma mulher, podem ser definidos os seguintes tipos de homem:
- “O barco a motor” (também conhecido como “O mergulhador”) – perante uma mulher desnuda, estes homens atiram-se para o centro do seu colo, apertam as mamas contra as bochechas e, utilizando a boca para fazer barulhos de barquinho a motor, movimentam a cabeça de um lado para o outro. De tempos a tempos levantam a cabeça, apenas para respirar e voltar a “mergulhar”.
- “A batedeira eléctrica” – são aqueles homens que não sabem lidar com mais do que uma situação ao mesmo tempo. Sabendo “como as mulheres são” (oxalá algum homem me explicasse o que querem dizer quando usam esta frase, já que me parece que eles sabem tudo menos “como as mulheres são”), não querem deixar nada ao acaso. Assim, e seguindo a lógica “2 mamas, 2 mãos”, passam ao ataque colocando uma mão sobre cada mama e rodopiando alegremente, como se estivessem a preparar uma massa de bolo espessa. De vez em quando passam para o modo “manual” e parece que estão a amassar um folar, tentando fundir ambos os seios numa única mama gigante que satisfaça todas as suas carências.
- “A misturadora” – trata-se de uma evolução, bastante mais assustadora, da espécie anterior. Neste caso, os senhores, uma vez apossados das pobres mamas, movimentam as mãos como se não houvesse um amanhã, deixando-nos com a sensação de que pretendem levar uma recordação para casa. (Não, elas não saem…)
- “O desentupidor” – estes homens estão presos numa espécie de Complexo de Édipo, que resulta em que tentem sugar a mama da sua companheira até terem a ilusão de estar novamente a ser amamentados pelas mamãs. Claro que isto resulta em situações muito pouco confortáveis, já que nem eles são propriamente “bebés” (pelo menos em idade e tamanho), nem as mulheres apreciam sentir os seus mamilos esticados até ao infinito (parece haver sempre o receio de a qualquer momento ouvir um “pop!”…).
- “O canibal” – ora bem, se o espécime anterior assusta, o que dizer deste? Estou convencida que este rapaz bem intencionado leu, em qualquer revista masculina (com artigos sexuais ao “nível” dos das femininas, que eles agora deu-lhes para nos copiarem), que os dentes podem ser usados para excitar algumas áreas eróticas da mulher (isto daria pano para mangas, mas nem vou entrar por aí). Vai daí, assim que apanha um mamilo a jeito, é vê-lo a mordiscar alegremente, sem ter em conta um pequeno detalhe essencial: a tensão dos maxilares. Depois destas sessões, desconfio que haja uma mulher que não pense com carinho na piorreia.
- “O palhaço” – este é o engraçadinho do grupo. É aquele que, perante 2 belas mamas, estica os braços e os dedos em direcção às mesmas e as aperta 2 vezes, emitindo os sons “Fonk! Fonk!”. Isto acaba por ter piada, quanto mais não seja pelo ridículo da situação: uma pessoa a tentar ser sexy (à força de tanto ver filmes clones do “Instinto Fatal”)… olhar matador, barriga para dentro, lingerie erótica, copos de champanhe… e depois… “Fonk! Fonk!”. Bem, pode não excitar rigorosamente nada, mas pelo menos soltamos umas belas gargalhadas (agora nada de abusos, que nem toda a gente gosta de humor – e mesmo quem gosta, dependendo do estado de espírito e ocasião, pode ficar cansada rapidamente).
- “O Sr. Perfeito” – se tudo tiver corrido bem, será a pessoa com que estamos. Aquela pessoa que sabe que o ideal é tocar determinadas áreas com cuidado e delicadeza, ao de leve, sem sofreguidão. Que sabe a altura em que é necessário aplicar um pouco mais de força, pressão e intensidade. E onde. Que sabe como deixar uma mulher arrepiada, arqueada, a suspirar por mais. É aquele homem que, apesar de esporadicamente poder encarnar alguns dos alter-egos referidos acima (sim, eles atacam em grupo… e, de vez em quando, se estivermos para aí viradas, até têm alguma piada…), sabe o que fazer com o corpo de uma mulher.

Após tanta conversa, fica uma ideia relativamente simples: perante alguns seios de contornos mais firmes e eróticos, até se pode compreender uma primeira reacção algo atarantada, de olhos esbugalhados e língua a humedecer os lábios (saliva no canto da boca é que não, por favor!). Mas uma vez passado o “choque” inicial, há que reagir e saber o que fazer. Isto é, se gostam assim tanto da música, convém que aprendam a tocar o instrumento.

Imagem: retirada do blog escondo-mealuzdasestrelas.blogspot.com

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