segunda-feira, novembro 17, 2008

Os preciosos carros

Homem que é homem tem de obcecar com um de dois temas: futebol ou carros. Claro que há sempre uma forte concorrência do tema “mulheres”, mas a grande diferença está em que nenhum homem parece saber grande coisa sobre o último. No entanto, sobre os dois primeiros, vários deles poderiam escrever uma verdadeira tese.

No que toca ao futebol não posso elaborar muito, já que os homens da minha vida sempre tiveram um interesse moderado pela bola. Isto significa que, apesar de saberem o suficiente para poder falar sobre isso num café, de assistirem aos jogos dos respectivos clubes com os amigos, e de torcerem na altura certa por quem de direito, nunca vi nenhum deles esbanjar a sua vida em função do desporto rei (eu sei que este é provavelmente o tema que ocupa o interesse do maior número de homens e que mais fanatismos desperta, mas se calhar tive sorte…).
Agora, por favor alguém me explique o que se passa entre os homens e os carros. Parece impossível que, uma vez confrontados com um qualquer veículo motorizado de quatro rodas, a maior parte dos homens se transforme num ser que oscila entre o Hugh Hefner o Albert Einstein. É que eles não se limitam a gostar ou não de um carro. Eles estacam em êxtase, atiram olhares sedutores à “máquina”, acariciam a carroçaria e disparam frases como “Eu nem acredito! É um BMW 625 CSi de 2005, com uma cilindrada de 2993 cc e 286 CV”. E depois ficam à espera de uma reacção da nossa parte. Claro que, perante aquele olhar expectante e excitado, temos 2 hipóteses: ou dizemos algo como “Não percebi patavina do que disseste.” e nos preparamos para um rebolar de olhos interpretável como “Isto é atirar pérolas a porcos!”, ou nos vemos na obrigação de reagir com um “Ah…fogo…que máximo…”, rezando para que ele não continue a conversa.
Não me interpretem mal, eu adoro carros. Mas só enquanto meio de transporte: adoro a liberdade e a independência que um carro representa, adoro a comodidade de me poder locomover sem necessitar de recorrer a terceiros, adoro o acesso que possibilita a praticamente todos os sítios onde me apeteça ir. O que não percebo é aquela obsessão que leva a que se decorem nomes, modelos, cilindradas, cavalos, etc., que leva a que se despendam horas a horas a ver programas de TV ou a ler revistas em que só se exploram os novos lançamentos, os novos motores, as novas tecnologias, as novas excentricidades das marcas automóveis.

Eu sei que as mulheres também têm as suas taras (sapatos e carteiras parecem ser duas delas, apesar de eu não partilhar a adoração incondicional por nenhuma), mas pelo menos estas não envolvem enfiar-se em óleo até aos cotovelos, nem esgrimir argumentos relativos a peças com nomes tão estranhos como “árvore de cames” e “pistão”. Além de que, à excepção dos filmes americanos, nunca vi nenhuma mulher exclamar excitada “Olha! Lá estão uns botins em pele de gnu dos Himalaias, da colecção de 1986 da Christian Dior! Aqueles lindos dão um andar…”

Imagem: retirada do blog turbo-lento.blogspot.com

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1 Comentários:

Às 9 de janeiro de 2009 às 17:54 , Anonymous Anónimo disse...

De repente vem-me à ideia aqueles maravilhosos comentários do creme XPTO que faz bem a coisas que eu nem sequer sabia que faziam parte da minha anatomia.
Sim, é mesmo aquele com o extrato de resina de unha encravada de passarinho que juntamente com uma erva que cresce debaixo do ninho da cegonha vietnamita.
Aquele que custa quase o mesmo que o 625csi.

Todos temos as nossas taras. Nunca havemos nos compreender pelo que deixei de tentar.

Quanto mais depressa o fizerem também, ultrapassa-se a coisa e enquanto as mulheres nos aturam nos carros, nós aturamos nos supermercados, perfumarias e tabacarias (com as famosas "amostrinhas")

 

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