segunda-feira, outubro 20, 2008

Entre a sedução…

Uma vez inserida no universo oriental do Arabesk, não tenho feito outra coisa senão encher a paciência de toda a gente com narrativas elaboradas sobre posições invertidas de relaxamento e requebros de anca. Para se perceber o fascínio que este assunto tem sobre mim, nada melhor do que uma visita guiada a ambas as actividades que pratico actualmente (feita em 2 fases consecutivas, que tudo o que é bom faz-se esperar).

A dança do Ventre
É uma dança do Período Matriarcal e está relacionada com os cultos primitivos em honra da Deusa-Mãe. Apesar da controvérsia que rodeia o tema, podemos afirmar que as suas manifestações primitivas ocorreram no Antigo Egipto, Babilónia, Mesopotâmia, Índia, Pérsia e Grécia, e visavam a preparação das mulheres para se tornarem mães, através de ritos religiosos (é possível que alguns dos movimentos, como as ondulações abdominais, tivessem por objectivo ensinar como reagir às contracções ocorridas durante o parto). Provavelmente por este motivo, a dança do ventre era considerada um ritual sagrado, sendo os homens excluídos de todo o cerimonial. Com o passar do tempo foi sendo incorporada no folclore árabe e, já na nossa era, acabou por conquistar o Mundo Ocidental.

Ora, apesar das suas origens indiciarem rituais sagrados e movimentos pré-natais, a dança do ventre desperta em mim fantasias de estonteantes odaliscas vestidas de organdi, viris sultões de retorcidos bigodes e haréns plenos de sensualidade e intriga (a culpa é de uma série os anos 80 e do Omar Sharif). Adoro andar de calças saruel e barriga ao léu a tentar contorcer-me ao som de uma batida onomatopaica e hipnotizante, adoro simular fluidez enquanto tento coordenar pernas e braços em movimentos rocambolescos com nomes como “O Círculo da lua” e “Oitos invertidos.”, e adoro que, naquela hora e meia, o corpo se concentre unicamente em utilizar músculos que eu nem sabia existirem.

Depois, há a expectativa que rodeia toda a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos… Imagine-se uma noite pintada em tons de vermelho e açafrão. No ar o aroma da canela e do âmbar, agitados por uma suave brisa que ondula cortinas de organza. O licor espesso e adocicado repousando em cálices berberes. De repente, rompendo a semi-obscuridade de velas estrategicamente colocadas, um corpo feminino desliza ao som de uma melodia sistemática e hipnotizante: “Tam-tam-tam-tam – tum – tam. Tam-tam-tam-tam – tum – tam “. Sob um olhar masculino, movimentos sincopados de anca intensificam intenções, o tilintar das moedas e pulseiras espicaça o desejo, as ondulações dos braços e peito simulam carícias e toques que estão para vir. É um ritual intenso, quente e sensual, que vai enlouquecendo os sentidos e deve ser partilhado a dois.

Assim, e apesar de concordar com o regresso em força do Período Matriarcal (Women unite!), tenho de marcar posição e dizer que nestas coisas a presença de um homem é essencial. Pode dizer-se que, quando o corpo de uma mulher aprende a contorcer-se desta maneira, é bom que outros valores se levantem.

Imagem: retirada do site www.agal-gz.org

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