segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Afinal, o quê que nós queremos?

Há alguns dias li uma crónica na “Notícias Magazine” que me deixou a matutar. Não me lembro agora do título, mas era da autoria de João Miguel Tavares e tratava das duas características que as mulheres mais valorizam num homem.

O tema interessou-me de imediato, até porque era daquelas coisas em que eu já tinha pensado – sabem como é, são aquelas perguntas que sabemos que nos vão colocar quando formos famosas (juntamente com “Qual foi o livro que mais a marcou?” ou “Qual a receita de bacalhau que mais estimula as suas papilas gustativas?”), pelo que preparamos as respostas mais inteligentes e politicamente correctas, de forma a impressionar sem ferir sensibilidades. Ora, nas minhas reflexões sobre o assunto, eu tinha chegado à brilhante conclusão de que as qualidades que mais me seduzem num homem são a inteligência e o humor. Precisamente aquelas que João Miguel Tavares satirizava na sua crónica.

Dizia este homem, obviamente inteligente e com um sentido de humor apuradíssimo, que acha imensa graça quando ouve as mulheres enumerarem estas duas características como resposta à dita pergunta. Isto porque tinha confirmado, por experiência própria, que nenhuma das duas lhe serviu de muito nas alturas em que tinha pretendido arranjar uma namorada. Segundo ele, as companheiras de estudo que enchiam a boca para falar de homens com cérebros iluminados e riso fácil, eram as mesmas que passavam por ele, a grande velocidade, em direcção ao atleta giraço e obtuso que não conseguiria soletrar “humor” nem que a sua vida dependesse disso. Agradou-me a lucidez e a ironia deste homem, gostei do que li, ri-me e identifiquei-me.
Mas depois pensei: “Isso queriam eles, que nós fossemos tão fáceis de interpretar”. Decidi que a crónica tinha parado na altura certa para assegurar a piada, que o cronista não tinha ido mais fundo por escolha (note-se que ele falava depois de uma “alma caridosa” que lhe tinha dedicado a atenção desejada…). Decidi ir eu.

As mulheres querem, de facto, um homem inteligente e com humor. E também querem que este homem tenha o aspecto de um Brad Pitt em “Meet Joe Black”. Ou seja, de uma forma estereotipada podemos dizer que, enquanto os homens procuram as qualidades que valorizam em várias mulheres (a “amante” explosiva, a “mulher” companheira, a “amiga” cúmplice, a “mãe” omnipresente / ou / a “ruiva” quente, a “morena” sensata e a “loira” glaciar…), o que as mulheres pretendem são todas as qualidades compactadas num único homem. Só isto. Até aqui é fácil, é a análise superficial. O que se passa depois é que exprime a verdadeira essência das mulheres. É que, independentemente do que idealizaram, as mulheres são capazes de se apaixonar perdida e irremediavelmente por um Al Pacino. Para nós, a inteligência e o humor, bases do carisma, são armas tão poderosas como a beleza para eles. E o que fazemos então com os nossos ideais de perfeição? Passamo-los para nós próprias, tentando fazer malabarismos incríveis para satisfazer as fantasias e necessidades do nosso homem simpático e inteligente. É este o nosso fardo e a nossa maior virtude: a capacidade de começar a amar alguém só porque cita o nosso autor favorito, porque diz a piada certa na altura certa, porque o seu toque arrepia cada célula do nosso ser.

Independentemente da análise, devo dizer que quando for confrontada com a tal pergunta, vou passar a dar a mesma resposta que dei aos 15 ou 16 anos quando, perante a minha recusa a namoricos mais sérios, algumas amigas me perguntaram “Afinal, o quê que tu queres num homem?”. Resposta: Carácter e personalidade (às vezes, para voltar às origens, é preciso um distanciamento que só se atinge com a maturidade).

Imagem: retirada do site popularbiographies.wordpress.com e www.recados.net

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