segunda-feira, março 09, 2009

A sombra do vento, Carlos Ruiz Zafrón

Eu li este livro de forma casual. Nunca tinha ouvido falar dele, nem sequer fui eu que o comprei. De entre uma pilha colocada na mesinha de cabeceira, este teve prioridade porque foi recomendado insistentemente por “aquela” pessoa. E ainda bem que o fez.

Este é um livro sobre um livro. Melhor: sobre os efeitos que um bom livro pode ter sobre alguém, sobretudo se a pessoa estiver naquela idade influenciável em que os gostos (e os desgostos) são para a vida. A história é um entrançado de realidade com mito, de amores de morrer com ódios de estimação, de heróis improváveis com vilões inesquecíveis. Tudo bem misturado e servido na armadilha de uma Barcelona de inícios do séc. XX, repleta de espaços sedutores e ruelas tortuosas, pintada de cores intensas por um clima que denuncia emoções, fecunda de mistérios e histórias inacabadas, habitada por personagens absolutamente únicas (sendo a própria cidade uma delas).
Não vou revelar muito mais, porque fazê-lo seria desvendar o segredo. Posso apenas dizer duas coisas: a primeira é que este livro surpreende a cada capítulo, capturando o leitor numa viagem única, a segunda é que apresenta ao mundo uma das personagens mais deliciosas de sempre. Fermín Romero de Torres, filósofo por mérito próprio e profundo conhecedor do coração das mulheres, semeia pérolas a cada capítulo, deixando o leitor ávido pelas suas intervenções na história. Para abrir o apetite, deixo aqui uma das muitas dissertações deste D. Juán conselheiro sobre as diferenças entre os sexos:
“O coração da fêmea é um labirinto de subtilezas que desafia a mente grosseira do macho trapaceiro. Se quiser realmente possuir uma mulher, tem de pensar como ela, e a primeira coisa é conquistar-lhe a alma. O resto, o doce envoltório macio que nos faz perder o sentido e a virtude, vem por acréscimo.”

Este “mistério literário” (como tem sido descrito) é mágico e tornou-se de imediato um dos meus livros de eleição. Trata-se de um inevitável clássico, de mais de 600 páginas, que conseguiu arrebatar-me, transportar-me e fazer-me acreditar num universo que estica a realidade a cada momento. E não é isso mesmo que esperamos de um bom livro?

Imagem: retirada do site www.editoras.com/objetiva/604-9.htm

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1 Comentários:

Às 6 de abril de 2009 às 01:32 , Anonymous Anónimo disse...

Miss u my angel.

Breath*

 

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