segunda-feira, fevereiro 16, 2009

As acções ficam com quem as pratica.

A minha mãe é uma daquelas pessoas genuinamente boas. Uma pessoa que quando pergunta “Como estás?” quer mesmo ouvir a resposta. Uma pessoa que faz bolos para levar a uma vizinha que esteja doente ou a quem tenha morrido o gato. Uma pessoa que pensa nas outras sem esperar nada em troca.*

Eu nunca fui assim. Na minha cabeça sempre fez bem mais sentido o cepticismo e a visão negra do mundo apadrinhada pelo meu pai, do que a atitude positiva e bem-intencionada da minha mãe. Isto resultou em que raramente compreendesse as suas acções e em que várias vezes a chateasse com comentários como “Olha que ela não faz isso por ti.” ou “Parece que ainda não aprendeste.” ou o clássico “Lá está a mãe a justificar o injustificável.”. Tantas disse e tanto a julguei que, certa ocasião, teria eu uns 20 e poucos anos, ela lá decidiu responder-me à letra. E, como tantas outras vezes, fê-lo com um ditado certeiro.
Nesse dia, ela lembrou-se de ligar a uma conhecida para saber como é que ela estava de uma doença que nem vale a pena nomear. E eu logo “Olha que ela a ti não te ligou quando tu estiveste doente. Só te liga quando precisa de alguma coisa. Não sei porque é que insistes.”. Já com o auscultador do telefone na mão, ela virou-se para mim, com o olhar magoado, e disse numa voz pausada: “As acções ficam com quem as pratica.”. Comi e calei.

Mais uma lição, mais uma dica para ser uma pessoa melhor: não devemos agir tendo em vista determinado resultado ou em função da reacção das outras pessoas. Isto é, as nossas atitudes devem ser regidas pela nossa consciência, pelo que nos faz sentir bem connosco mesmos. E não interessa o que os outros digam ou façam em resultado da nossa acção, desde que a mesma faça sentido na nossa cabeça e coração.

*Das únicas vezes em que a vi verdadeiramente furiosa foi quando alguém caiu no erro de se meter com qualquer um dos seus filhos. Aí sim, o gato vira leão e é um vê se te avias J.

Imagem: retirada do site www.recantodossonhos.com

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1 Comentários:

Às 16 de fevereiro de 2009 às 16:36 , Anonymous Anónimo disse...

A imagem é mesmo adequada. A tua mãe é que sabe :) O único que deixo mandar em mim, é mesmo o meu querido Grilo Falante de estima (se bem que ele às vezes parece-me mais um gafanhoro, mas isso deve ser proque tenho a consciência saltitante). Quando é que escreves um livro de provérbios dedicado à senhora tua mãe? :) :) :)

 

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