segunda-feira, abril 13, 2009

“La Maleta roja” ou “Agora quem é que nos pára?”

Há algum tempo atrás vi a minha curiosidade espicaçada por uma reportagem televisiva em que se falava da “La Maleta Roja”. Dizia o jornalista que esta empresa de venda de produtos eróticos para mulheres, nascida em Espanha, se estava a espalhar rapidamente no nosso País, que as portuguesas estavam a aderir em massa a uma ideia que lhes colocava nas mãos as rédeas do prazer, fosse ele a dois ou isoladamente. E o facto é que, pouco tempo depois, começou a referir-se frequentemente a dita maleta, fosse em conversas de amigas ou “cusquices” de escritório. Gostei do que ouvi, procurei saber mais, quis a toda a força participar numa das reuniões. E foi o que fiz.
Preparem a mente e o corpo, coloquem os cintos de segurança e sigam-me numa viagem ao “íntimo feminino”...

A teoria
O inovador conceito da “La Maleta Roja”, criado por mulheres e para mulheres, teve origem numa senhora iluminada, de nome Dina, que resolveu agir com base numa série de premissas das quais todas temos mais que conhecimento:
.As mulheres são seres sexuais, com necessidades tão ou mais intensas que as dos homens.
.As mulheres são cada vez mais exigentes no campo da sexualidade, não abdicando já da sua própria satisfação.
.As mulheres têm um papel essencial na relação a dois, assumindo muitas vezes o papel de potenciador e gestor das necessidades.
.As mulheres já não aceitam que a ausência de um parceiro lhes limite o prazer sexual.
.As mulheres têm cada vez mais poder de compra e são naturalmente curiosas/ interessadas por tudo o que possa influenciar a sua qualidade de vida.
.As mulheres não se sentem particularmente confortáveis em Sex Shops (criadas por homens e para homens).
Vai daí, a Dona Dina, reconhecendo esta apetência do mercado, decide encontrar uma forma de a explorar, de levar as Sex Shops até às mulheres. Começa por fazer uma pesquisa e selecção de produtos especificamente direccionados para o sexo feminino e depois, num lance de mestria, resolve implementar um conceito que subverte as habituais reuniões de Tupperware (em que as nossas mães se ocupavam a escolher saladeiras e pinças para batatas fritas), transformando-as em reuniões de Tuppersex (em que as mulheres se ocupam a escolher artigos bem mais interessantes).
O resultado, em condições normais, é a conjugação de uma tarde muito divertida com uma estratégia de vendas quase infalível: um grupo de amigas/conhecidas excitadas e bem-dispostas (mínimo, oito mulheres), o ambiente acolhedor da sala de uma delas (a anfitriã do encontro), a possibilidade de descobrir e experimentar pessoalmente uma série de novidades sexuais (comentando e comparando experiências) e uma assessora desinibida (para explicar dúvidas e aconselhar as soluções mais adequadas).

A prática
Sábado, 04 de Abril de 2009, chez Bárbara.
Depois de algumas semanas de expectativa (sim, sim, com tudo aos pulos…), eis que finalmente participei da minha primeira reunião de Tuppersex. E adorei: não só correspondeu, como superou as expectativas.
Começámos com uma mostra de cosméticos comestíveis (!), destinados a despertar todos os sentidos e mais algum: do óleo afrodisíaco de morango/champanhe ao creme corporal de framboesa, passando pelos pós de mel e pelo chocolate com pincel, todos os produtos exalam as mais deliciosas fragrâncias, asseguram o mais envolvente dos toques e convidam a experimentar os mais apetitosos sabores nos corpos dos companheiros (digamos que não foi difícil imaginar-me qual Rembrant, de pincel de chocolate em punho, frente a uma tela viva, palpitante, numa cama de cetim… haverá melhor maneira de ingerir uns gramas de chocolate, livres à partida do remorso graças ao inevitável exercício físico que se seguirá?).
A reunião continuou com alguns produtos mais “exóticos”, dos quais posso referir as famosas bolas de Kegel (que juntam o útil ao agradável), algemas de felpa, chicotes com penas, anéis penianos (com e sem “coelhinhos”, “golfinhos” e outros animais mais ou menos “vibratórios”), plugs anais, etc. Mas, nesta categoria, sem dúvida que o destaque terá de ir para um Spray excitante, de apropriado nome “Volaré”. Duas borrifadelas, uma leve massagem e lá vamos nós: cócegas marotas, calores intensos, picos gelados, subir, descer, cruzar e descruzar pernas, arrepios de prazer, rubor nas faces… isto sem falar do que acontece quando acompanhamos o dito produto de um massajador (que os há ergonómicos, de vários formatos e até em esponja, para utilizar no banho – nunca mais vou olhar para um morango da mesma forma…). Aí é mais “Adeus, ó tchau, fui-me embora!”.
Para o fim da festa ficaram guardados os reis do prazer feminino, arqui-inimigos dos homens, os famosos vibradores (não confundir com massajadores, dos quais já falei e que se destinam sobretudo ao exterior, nem com dildos, cuja forma se assemelha, mas aos quais falta a pujança das pilhas). As expectativas eram altas, especialmente depois dos preliminares, mas mais uma vez não houve desilusões. Havia um para cada gosto: os chiques (tamanho standard, textura suave, formato liso – muito clean e asséptico, semelhante a um massajador), os design (tamanho standard, textura macia, formato semi-realista – com o aliciante de vibrarem em vagas de impulsos distintas), os realistas (maiores ou mais pequenos, impressionantes na sua similitude venosa) e, finalmente, o matador, para as verdadeiramente corajosas: o Icebreaker. Este imponente falo mecânico (sim, é grande!), além de vibrar com uma intensidade impressionante, é composto ainda por uma estrutura central, com um sistema de rotação independente, na qual se movem algumas dezenas de pérolas, e por um pequeno golfinho, com um sistema de vibração próprio, destinado unicamente ao clítoris. E pronto: cá está a resposta às preces de muitas mulheres e aos pesadelos de qualquer homem.
A reunião terminou com uma deliciosa tarte de limão e canela e muitas (imensas) encomendas. Um sucesso a todos os níveis. Agora é só esperar que cheguem os produtos para pôr as rodas da sedução em curso. Eles que se preparem.

Em nota de fecho, que este já é o maior post do mundo, resta-me apenas dizer que é compreensível o sucesso da “La Maleta Roja”. Durante muitos anos ficava mal a uma mulher falar sobre este tema tabu, assumir-se como ser sexual, frequentar Sex Shops (a não ser por curiosidade ou para apimentar uma Despedida de Solteira). Ainda hoje, modernas que nós somos, nos espantamos quando esta ou aquela amiga assume ter um vibrador (ou vemos os olhares de “A sério?!” quando somos nós a assumi-lo).
E de repente aparecem estas reuniões. Não é difícil perceber a adesão de grupos perfeitamente heterogéneos de mulheres, o porquê de não existir um target específico, uma faixa etária definida, nem uma classe social prioritária. Ali somos todas só mulheres, com os mesmos problemas, ânsias e necessidades, livres para falar das nossas expectativas e receios, para testarmos este ou aquele produto, para nos rirmos à gargalhada com este ou aquele resultado, para trocarmos opiniões e histórias pessoais.
Eu recomendo.

Imagem: retirada do site http://mywordpress2.wordpress.com

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2 Comentários:

Às 13 de abril de 2009 às 17:07 , Anonymous Anónimo disse...

E eu! Conto os dias para a recepção da encomenda e já tenho mais algumas em carteira! Icebreaker...icebreaker!

Beijo. Bela.

 
Às 14 de abril de 2009 às 10:31 , Blogger blá blá bá disse...

The ship sails today, ladies! ;)

 

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