segunda-feira, abril 20, 2009

Ou cale-se para sempre.

Os homens costumam queixar-se de que as mulheres nunca dizem aquilo que realmente estão a pensar. Existe até a anedota de que um homem deve começar a preocupar-se quando pergunta à sua companheira o que se passa e ela responde “Nada…”, com aquele ar “fodido descontraído” que só as mulheres conseguem fazer. E tem piada, porque todos nos podemos identificar com ela. Mas mulheres, como chapéus, há muitas, e se há coisa que não somos é lineares.

Algumas mulheres fariam Marlene Dietrich corar de inveja: frias e implacáveis, jogam com as mesmas armas dos homens. Quando uma mulher destas responde “nada”, a probabilidade é que realmente não se preocupe mesmo nada com o que eles fizeram ou deixaram de fazer. São as chamadas “femmes fatales”, as que os fazem sofrer e que eles nunca esquecem. Mas estas mulheres são tão raras que, para ser sincera, ainda só vi espécimes destes em filmes.
Depois há as mulheres que tentam ser assim. São exímias a jogar o jogo do “não se passa nada”, levando os companheiros a um de dois pontos: ou enlouquecem a tentar descobrir o que raio fizeram desta vez (o que pode levar a gastos significativos em flores, bombons e perfumes), ou simplesmente suspiram de alívio por não serem confrontados, continuando a fingir que realmente nada se passou (ou seja, a mulher acaba com uma úlcera nervosa de tanto fingir desprendimento à espera de uma reacção).
Existe ainda uma estirpe de mulheres, raríssima, que consegue simplesmente não agir até que confirme a existência de uma razão para o fazer. Ou seja, esta mulher espantosa, consegue controlar o vulcão de emoções que todas temos bem junto ao coração, fingir que nada a preocupa e… esperar. Esperar até que ele se traia sozinho, sem sequer desconfiar que o está a fazer debaixo da mira de um caçador implacável. Eu tenho o privilégio de conhecer pelo menos uma destas mulheres. E o que eu aspiro a um dia vir a ser assim… Classe, amigas, pura classe.
Mas, por enquanto, não sou. Eu incluo-me num quarto grupo de mulheres. E connosco, a coisa funciona de forma um pouco diferente. Imaginemos que a cara-metade faz alguma coisa que dispara o meu sistema nervoso. Eu fico um máximo de 5 minutos a considerar se devo ou não chatear-me, a tentar assumir uma atitude blasé face à situação (é mais ou menos neste ponto que surge a famosa resposta “Nada…” se ele calha de detectar o arrefecimento do ambiente); passado esse tempo de reflexão (que em mim funciona mais como um período de ebulição), salta-me completamente a tampa e passo ao ataque, utilizando todas as armas possíveis e imaginárias, com destaque para uma incontrolável fluência verbal e para uma memória invejável.

E pronto. Neste último grupo não corremos o risco de sofrer uma apoplexia nervosa, nem de nos transformarmos em vinagre devido a amarguras acumuladas. Dizemos tudo o que temos direito e sobra-nos tempo. Mas, junto deles, adianta de alguma coisa? Duvido (pelo menos tendo em conta o número de vezes que a situação se repete). A grande satisfação que eu consigo tirar de ser assim é que, pelo menos, ninguém pode atirar com a famosa frase “Se tu não dizes nada, como é que queres que eu adivinhe?”.

Imagem: retirada do site www.topnews.in

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1 Comentários:

Às 23 de abril de 2009 às 15:59 , Anonymous B. disse...

Eu já fui das segundas! Já fui, já!
Mas agora, estou contigo!

Vem na onda da "crítica na ponta da língua"! Vai tudo à frente!

 

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