segunda-feira, maio 11, 2009

As vocações, os talentos e os oportunismos

Sempre ouvi dizer que, para que uma vida valha a pena, temos de fazer 3 coisas antes de morrer: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. No que me diz respeito, as minhas 3 sobrinhas lindas preenchem quaisquer instintos maternais (parafraseando alguém, fico muito feliz quando chegam e fico muito feliz quando se vão embora) e a última árvore com que me cruzei revelou um profundo desprezo pelos meus esforços no sentido de lhe assegurar a fotossíntese. Agora no que toca a escrever um livro, posso dizer sem exageros que é um dos meus maiores sonhos.

No entanto, eu tenho um profundo respeito, quase reverência, pela arte da escrita. Para mim, escrever é um acto superior, um acto de inspiração divina, o resultado de uma mente superior. Não é qualquer um que escreve um livro. Ou pelo menos costumava ser assim. É verdade. Depois de anos a pensar que não era digna de escrever um livro, de sequer ter a audácia de pensar que me poderia comparar a um “Escritor”, afinal agora descubro que a solução sempre esteve à minha frente. Para escrever um romance Best seller só tenho de me tornar pivot de um telejornal (e escrever sobre o nosso passado, seja no séc. XIX ou nos anos setenta, seja em Angola, Brasil ou S. Tomé) ou apresentadora de um programa televisivo com grandes audiências (e escrever sobre amor traído, amor desiludido ou qualquer outro tipo de amor caracterizável com um adjectivo acabado em “ido”). E pronto: não há que temer a falta de talento, nem suportar as rejeições por parte das editoras, está assegurada a visita da musa inspiradora.

Sinceramente, eu até acredito que muita desta gente tenha algum talento, mas parece-me é estranho que todo ele se revele em simultâneo e com incríveis estratégias de marketing por trás. É ainda mais difícil de aceitar do que, de repente, todos os manequins e modelos portugueses tenham encarnado a Meryl Streep e falem da sua intensa vocação e profunda luta para “encarnar” personagens com a profundidade dramática de uma tábua de passar a ferro. Haja paciência!

Imagem: retirada do site http://www.pqn.com.br/

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1 Comentários:

Às 13 de maio de 2009 às 09:44 , Anonymous happy mary disse...

hummm...eu acho que tu devias escrever um livro...acho mesmo. fico à espera, ok? beijo*

 

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